Iogurte grego é alvo de discussão entre profissionais

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Por: Pamela Araujo 25/11/2012

Novo produto divide opiniões por conter o dobro de calorias e o triplo de gordura que o iogurte comum e, ao mesmo tempo, ter boa textura e sabor

Em uma época em que os produtos lights disputam acirradamente a preferência dos consumidores, uma novidade vem chamando a atenção nas gôndolas dos supermercados: o iogurte grego. O produto – que agrada pela cremosidade e pelo sabor – tem até o dobro de calorias e o triplo de gordura que o iogurte comum, se tornando alvo de discussão entre nutricionistas e demais profissionais de saúde. 
Para se ter uma ideia, um pote (100 gramas) do produto (versão tradicional) da marca Vigor tem 5,1 gramas de gordura saturada e 151 calorias contra 1,3 gramas de gordura e 58 calorias do tipo natural da mesma marca. Já o da Nestlé tem 113 calorias contra 74 do tradicional, a mesma porção, e praticamente a mesma quantidade de gordura. Os valores de carboidratos também tendem a ser mais altos em ambos, devido à adição de açúcar. 
Tabela nutricional à parte, textura e sabor são os pontos altos do iogurte grego. É o que afirma a dentista Flávia Mergulhão, de 41 anos, que o provou pela primeira vez em setembro, logo após o lançamento da novidade no Brasil. 
“Já tinha ouvido falar, sabia que existia lá fora, mas nunca havia experimentado. Gostei muito da cremosidade, do sabor, mas sei que é supercalórico e que tem mais açúcar que o tradicional, por isso, não consumo todos os dias. Sempre procuro adicionar uma fruta, granola, e uma fonte de fibra para incrementar”, relata Flávia. 
Para ela, a “odisseia gastronômica” proporcionada pelo produto compensa qualquer fugidinha da dieta, bem como seu preço, superior ao tradicional. 
Assim como ela, na contramão de quem só vê desvantagens no produto, estão as nutricionistas da Associação de Nutrição do Estado do Rio de Janeiro (Anerj), Vânia Barberan e Rosane França. Para Vânia, o produto vem atender a uma fatia de mercado que não faz restrição calórica ou não gosta de iogurtes comuns. 
“A polêmica está no fato de o produto ter muitas calorias, contudo, as pessoas se esquecem que nem todo mundo precisa fazer dieta com restrição calórica. Criou-se uma cultura de que o que não é light não é saudável, não é bem assim. O iogurte em si é um produto saudável que deve ser ingerido, já que tem lactobacilos (bactérias boas) que mantêm o equilíbrio da microbiota intestinal. E o grego, neste ponto, é eficiente porque, em geral, agrada até quem não gosta de iogurte pelo fato de ser menos ácido, mais saboroso, ter outra textura”, diz a nutricionista, que condena apenas o exagero. 
Barberan ressalta ainda que mesmo os iogurtes “zero” têm seus prós e contras. Um aspecto negativo seria o fato de possuírem muitos aditivos químicos, usados para melhorar a textura. 
“Não fossem tais aditivos seriam muito ralos, já que não têm gordura suficiente, que é o que dá a consistência. Assim, o iogurte grego, ao propor ser mais denso, com mais gordura, é honesto dentro da sua proposta”, explica. 
Para Rosane França, esses aditivos são prejudiciais ao passo que forçam o organismo a trabalhar mais para eliminá-los. 
“Esses aditivos não são alimentos, mas impurezas que precisam ser metabolizadas pelo fígado e eliminadas pelos rins, causando uma sobrecarga no organismo”, diz, recomendando o consumo diário ou a cada dois dias, preferencialmente da manhã, devido à maior oferta de cálcio, que tende a ser mais bem aproveitada neste período. 

Proteína, gordura trans e açúcar
Por possuir uma maior quantidade de leite em sua composição, o iogurte grego tem, ainda, maior concentração de cálcio e proteína que o natural. Sobre o excesso de gordura trans, a vilã do momento, Vânia faz uma ressalva: 
“A gordura trans está presente naturalmente nos alimentos de origem animal, como os laticínios, se for assim ninguém mais vai consumir leite e queijo”, observa. 
Em relação à quantidade de açúcar, ela lembra que mesmo os diabéticos, desde que com uma dieta específica, podem ou devem ingerir algum doce. Para ela, o iogurte pode funcionar ainda para matar a vontade de comer doce. 

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